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sexta-feira, abril 25, 2003

Lisboa-Porcalhota-Sintra
Comemorou-se a 5 de Abril deste ano a chegada pela primeira vez de um comboio de passageiros a Sintra. As ligações à Porcalhota e desta a Lisboa ficavam assim bem mais fáceis, apesar da fumarada incrível para os parâmetros actuais, do barulho e da trepidação que aqueles monstros traziam com eles.
É verdade, rezam as crónicas que foi em 1887, no dia 5 de Abril que tal avanço tecnológico fez o seu aparecimento, ligando Lisboa a Sintra com onze estações e três apeadeiros disseminados pelos 23 Km em causa.
Mas, o que é verdade é que esta data, devidamente celebrada pela CP, com comboio do princípio do século anterior, mas quase tão poluente e barulhento como o de há 116 anos, não é definitiva, pois já antes se tinha feito andar comboios por aquelas bandas.
É verdade, e tudo devido ao, quem mais haveria de ser, Duque de Saldanha, que numa das suas andanças como político, assistiu em França, à inauguração da primeira máquina a vapor, que dava pelo nome de Larmanjat, do nome do engenheiro mecânico, seu inventor.
É claro que o homem que de parvo não tinha nada, quis de imediato trazer tal maravilha da técnica para Portugal.
Obtida a autorização do governo francês, eis que começam a azáfama e a ansiedade para a instalação não de uma mas de umas quantas linhas nos arrabaldes da capital, que a gente quando faz é em grande!!
Em 1870 já Sua Majestade el-rei D. Luís podia ir, e foi, de comboio até ao Lumiar.
Mas em 1872 descobriu-se que afinal eram precisos dinheiros para continuar com o empreendimento e o país já então não estava de tanga mas para lá caminhava.
Não desistiram os nossos bravos heróis, e em 27 de Fevereiro é feito, por autorização do Governo, o trespasse de todas as concessões para uma companhia inglesa, a " The Lisbon Steam Tramways Company, Limited", para esta levar por diante a construção e a exploração dos caminhos de ferro "Larmanjat".
No ano seguinte inaugura-se a tal linha para Sintra, rezam as crónicas com 26 Km de extensão, com a presença do próprio inventor, que seguia praticamente o trajecto da estrada real e tinha de igual modo um nó fundamental, mais propriamente um desvio, na Porcalhota.
Uma composição de quatro carruagens rebocadas por uma locomotiva de nome Lumiar, isto na altura era como os barcos e aviões. Viagem de 1h55m, com paragem para abastecimento de água, uau, grande marca, pensamos nós! Não houve acidentes!
Três dias depois para ir de Lisboa a Sintra, numa linha onde três comboios em cada sentido asseguravam as operações de circulação, passando por, Sete Rios, Benfica, Porcalhota, Ponte de Carenque, Queluz, Cacém, Rio de Mouro e Ranholas, em duas horas, só precisava de esportular, 550 reis em 1ª classe ou 400 em 3ª, com direito a 15 Kg de bagagem, que giro este pormenor, não acham?! Ah! Já me esquecia dos 3 aos 7 anos o bilhete ficava por metade!
Não muito tempo depois, que aquilo era trabalhar a mata-cavalos, uma outra linha com 54 Km de comprimento chegava a Torres Vedras. A origem de ambas, convém frisar, não era no Rossio, mas sim no Rego.
O pior é que aquilo durou pouco.
Numa demonstração do "savoir faire" português, aquelas drogas daquelas maquinetas nunca andaram à tabela, descarrilavam a torto e a direito, avariavam por dá cá aquela palha, na época da chuva amiúde era necessário os passageiros empurrarem nas rampas devido à falta de atrito e respectiva adesão aos carris, na época do calor quase se morria sufocado pela poeira, houve viagens que chegaram a demorar seis horas, enfim um autêntico inferno ao invés da comodidade, do progresso que se pretendia. Não temos notícias do que se terá passado em França, mas palpita-nos que não deve ter sido comparável com tais desgraceiras cá do burgo.
Vai de reduzir os preços para 400 reis em 1ª e 300 em 3ª, mas nem assim se conseguiu recuperar clientela, que voltou a pouco e pouco às diligências.
E pronto em sete anos acabou a aventura, que custara mais de mil contos de reis, em 1877 acaba-se o sonho do Duque, e começa o pesadelo dos tribunais.




A VITÓRIA
Os ferozes bushistas, os indefectíveis da guerra andam eufóricos, não lhes cabe um feijão no esfíncter, andam inchados que nem balão de Santo António.
Exultam, lançando foguetes e apanhando as canas, fazem, enfim, a festa os falcões desta guerra, virando as baterias para os, na sua opinião, arautos da desgraça, que previam "mil e uma noites" de sangrentos combates.
Afinal, seus invertebrados, pensam, quase sufocando de prazer, a escaramuça não durou mais do que umas míseras três semanas.
Afinal seus lémures, continuam, arrasando os párias, os idiotas antiguerra, tudo acabou num ápice, quase não deu para aquecer, e os mortos estão muito abaixo dos parâmetros normais seus parvalhões.
Como se houvesse parâmetros normais para a morte de inocentes.
E lá vão, cantando e rindo, continuando a bater na tecla da libertação de um povo, de devolver o Iraque aos iraquianos. Mas eram esquimós que lá estavam?!
Houve até um ou outro, formadores de opinião pelo que deviam ter mais cuidado com as bacoradas que atiram para a atmosfera, que no calor dos festejos, no inebriante êxtase da vitória, compararam a triste acção bélica com o 25 de Abril!
Meu Deus ao que nós chegámos em termos de disparates!
O que é que o 25 de Abril, tem a ver com as taradices bélicas, com as necessidades económico-petrolíficas do fundamentalista cristão que preside aos USA?!
O que é que o 25 de Abril tem de comparável com a invasão de um país soberano sem apoio expresso de quem de direito para dar cobertura a tal evento?!
O que é que o 25 de Abril tem que ser envolvido neste desastre humanitário de fome e roubos, e o mais que se verá de desagradável no futuro próximo?!
O que é que o 25 de Abril tem comparável às perdas irreparáveis do Museu de Bagdade, saqueado e praticamente destruído, nas barbas dos marines, o que só prova mais uma vez que são uns incultos da pior espécie estes generais americanos, pois tudo indica que nem lhes passava pela cabeça o que de importante se guardava no interior daquele edifício. Museu? Que raio de coisa é essa?
Vamos agora colocar um tanque a guardar lixo, cascalho de há não sei quantos séculos, nem bêbado! Guardem mas é o Ministério do petróleo que isso sim é que é importante para os iraquianos coitaditos.
Também não admira, quem consegue um orgulho desmesurado, como só estes pândegos conseguem, numa catedral gótica em plena Nova Iorque, que tinha, como seria de esperar, que ser a maior do mundo, segundo fazem questão de frisar, mas com o pequeno pormenor de ter sido construída no século passado, não pode de facto ter sensibilidade para uns calhaus velhos como o caraças com uma merda de uns símbolos, esquisitos à brava, neles gravados, e muito menos conseguem perceber a riqueza cultural daquela região onde tudo nasceu, desde a escrita ao direito, passando por inúmeras outras contribuições decisivas para várias civilizações, nomeadamente a nossa.
Como podem estes senhores, do alto dos seus privilegiados púlpitos, comparar de facto o que se passou, como se passou e porque se passou, com uma revolução de cravos nas espingardas, e de carros de combate a parar nos sinais vermelhos, revolução de um povo que se libertou por dentro, revolução cuja conclusão feliz em muito se ficou a dever ao povo nas ruas. É preciso ser mais burro que uma bota do Saddam!
E, de bacorada em bacorada lá vão, paulatinamente afiando as facas longas, lá vão babando bajulice ao mais forte, ansiando por novas cavalgadas heróicas dos seus paladinos, esperando quase com a saliva a cair-lhes dos cantos da boca que continuem as ameaças a torto e a direito, armas apontadas a quem ousar pestanejar, riso cínico afivelado nos rostos, pensando talvez que se calhar ainda bem que não encontraram armas de destruição maciça pois assim já ninguém os pode chatear por irem procurar noutro lado!
Palpita-me, e só espero estar enganado, que a estrada de Damasco vai ficar a ser conhecida mundialmente muito para além disto e em breve, e por motivos bem mais comezinhos e terrenos, do que o episódio bíblico que lá ocorreu.
Esqueceram, ou não querem ver, tudo o que se está a passar no pós relâmpago que os traz extasiados.
Sinais de perigo que podem levar a muito mais do que mil e uma noites de desgraças e sofrimento.
O perigoso aparecimento em cena dos Xiitas, em toda a sua pujança, preparando-se para governar da maneira que nós já conhecemos doutros locais, mas com a legitimidade que lhes dá serem maioritários entre a população.
A contestação desse levantar xiita, já com certos laivos de esquizofrenia política a despontar, dos Sunitas.
Senão reparem naquele episódio caricato, mas mais perigoso que uma bomba de fragmentação, do porta-voz do Partido Islâmico, que tentando emular o saudoso entertainer, que acumulava com o comando do Ministério da Informação e que ao gritar que ia chacinar os mercenários, quando já sentia o calor dos blindados inimigos a chamuscar-lhe o traseiro, nos fazia rebolar de riso, ir dizendo a um jornalista "que lamentava o que se dizia, pois a população xiita é uma minoria".
Confrontado com o facto, verdadeiro, de aqueles serem cerca de 60% da população, não hesitou e lançou:
"Isso não é verdade, é um mito, é preciso corrigir os livros, as enciclopédias. Os xiitas são apenas 35% da população iraquiana".
Começa a deixar de ter piada, a caixa de Pandora foi aberta, o cortejo de horrores está no princípio e as criaturas pró guerra de que vos falámos não param com os festejos e a euforia, numa semicegueira deveras inquietante que só os deixa ver a vitória, mas a vitória de quê?!
A ideia da implantação de uma democracia, naquelas paragens, é deveras peregrina, a democracia não se semeia ao rego, muito menos se rega com petróleo.
Acabadas as hostilidades, não me parece que seja muito correcto aquela história a fazer lembrar o farwest, incontornável de facto esta tendência do homem, do wanted, dead or alive (procura-se, vivo ou morto), mandando às urtigas todos os mais básicos direitos do homem.
Depois digam-me que não tenho razão em pensar o que penso deste personagem que ainda não percebeu que os tempos da justiça pelas próprias mãos há muito que acabou, mesmo tratando – se de facínoras da pior espécie, os tribunais ainda existem que eu saiba.
Vitória isto?! Não me façam rir, que a vontade é pouca !



segunda-feira, abril 21, 2003

Os ferozes bushistas, os indefectíveis da guerra andam que não lhes cabe uma fava no cu, voltando a um lugar bem do agrado do cowboy.
Exultam, lançando foguetes e apanhando as canas, fazem, enfim, a festa os falcões desta guerra, virando as baterias para os, na sua opinião, arautos da desgraça, que previam "mil e uma noites" de sangrentos combates.
Afinal, seus invertebrados, pensam, quase sufocando de prazer, a escaramuça não durou mais do que umas míseras três semanas.
Afinal seus lémures tudo acabou num ápice, quase não deu para aquecer.
Continuam batendo na tecla da libertação de um povo, houve até um ou outro, formadores de opinião pelo que deviam ter cuidado com as bacoradas que atiram para a atmosfera, que no calor dos festejos, no inebriante êxtase da vitória, compararam a acção com o 25 de Abril! Meu Deus ao que nós chegámos em termos de disparates!
O que é que o 25 de Abril tem a ver com as taradices bélicas, com as necessidades económico-petrolíficas do fundamentalista cristão que preside aos USA?!
O que é que o 25 de Abril tem de comparável com a invasão de um país soberano sem apoio expresso de quem de direito para dar cobertura a tal enento?!
O que é que o 25 de Abril tem que ser envolvido neste desastre humanitário de fome e roubos, e o mais que se verá de desagradável no futuro próximo?!
O que é que o 25 de Abril tem comparável às perdas irreparáveis do Museu de Bagdad, saqueado e praticamente destruído, nas barbas dos marines, o que só prova mais uma vez que são uns incultos da pior espécie estes generais americanos, pois tudo indica que nem lhes passava pela cabeça o que de importante se guardava no interior daquele edifício. Museu? Que raio de coisa é essa?
Também não admira, quem tem um orgulho desmesurado, como só estes pândegos conseguem, numa catedral gótica, que tinha, como seria de esperar, que ser a maior do mundo, segundo fazem questão de frisar, mas com o pequeno pormenor de ter sido construída no século passado, não pode de facto ter sensibilidade para uns calhaus velhos como o caraças com uma merda de uns símbolos esquisitos à brava neles gravados, e muito menos conseguem perceber a riqueza cultural daquela região onde tudo nasceu, desde a escrita ao direito.
E lá vão, paulatinamente afiando as facas longas para novas cavalgadas heróicas, ameaçando a torto e a direito, com o único direito dado pelas armas, riso cínico afivelado nos rostos, pensando talvez que se calhar ainda bem que não encontraram armas de destruição maciça pois assim já nãoninguém os pode chatear por irem procurar noutro lado! Palpita-me, e só espero estar enganado, que a estrada de Damasco vai ficar a ser conhecida muito para além, e por motivos bem mais comezinhos e terrenos, do episódio bíblico que lá ocorreu.
Esqueceram, ou não querem ver, tudo o que se está a passar no pós relâmpago que os deixa estasiados.
O perigoso aparecimento em cena dos Xiitas, em toda a sua pujança, preparando-se para governar da maneira que nós já conhecemos doutros locais, mas com a legitimidade que lhes dá serem maioritários entre a população.
A contestação desse levantar, já com certos laivos de esquizofrenia política dos Sunitas.
Senão reparem naquele episódio caricato, mas mais perigoso que uma bomba de fragmentação, do porta-voz do Partido Islâmico, que à semelhança do saudoso entertainer que acumulava com o comando do Ministério da Informação que ao gritar que os ia chacinar quando já sentia o calor dos blindados inimigos no traseiro nos fazia rebolar de riso, foi dizendo a um jornalista "que lamentava o que se dizia, pois a população xiita é uma minoria".
Confrontado com o facto, verdadeiro, de aqueles serem cerca de 60% da população. não hesitou e lançou:
"Isso não é verdade, é um mito, é preciso corrigir os livros, as enciclopédias. Os xiitas são apenas 35% da população iraquiana".
Começa a deixar de ter piada, a caixa de Pandora foi aberta, o cortejo de horrores está no princípio e as criaturas pr'ó guerra de que vos falámos não param com os festejos e a euforia, numa semicegueira deveras inquietante que só os deixa ver a vitória, mas a vitória de quê?!

domingo, abril 20, 2003

Exultam, lançando foguetes e apanhando as canas, fazem, enfim, a festa os defensores desta guerra, virando as baterias para os arautos da desgraça, na sua opinião, que previam "mil e uma noites" de sangrentos combates. Afinal seus invertebrados, pensam quase sufocando de prazer, não durou mais do que umas míseras três semanas. Afinal seus lémures tudo acabou num ápice, quase não deu para aquecer.

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